A Contrarreforma, também denominada Reforma Católica é o nome dado ao movimento criado no seio da Igreja Católica em resposta à Reforma Protestante iniciada com Lutero, a partir de 1517. Em 1543, a igreja Católica Romana convocou o Concílio de Trento estabelecendo entre outras medidas, a retomada do Tribunal do Santo Ofício (inquisição), a criação do "Index Librorum Prohibitorum", com uma relação de livros proibidos pela igreja e o incentivo à catequese dos povos do Novo Mundo, com a criação de novas ordens religiosas dedicadas a essa empreitada, incluindo aí a criação da Companhia de Jesus[2]. Outras medidas incluíram a reafirmação da autoridade papal, a manutenção do celibato, a criação do catecismo e seminários, a proibição das indulgências.
Reforma Católica e Contrarreforma
Para MacNall Burns, professor de História da Rutgers University, a contrarreforma não seria propriamente um movimento da Igreja Católica de reação à contestação iniciada por Martinho Lutero. Segundo Burns, a Revolução Protestante foi apenas uma das fases do grande movimento denominado como "Reforma", a outra fase foi a "Reforma Católica". Para Burns, estudos recentes mostram que os primórdios do movimento reformista católico teriam sido em tudo independentes da Revolução Protestante" . Daniel-Rops, da Academia Francesa, nega a existência de relações de causa e efeito entre a reforma católica da reforma protestante: "Nem na ordem cronológica nem na ordem lógica temos o direito de falar de "contrarreforma" para caracterizar esse salto gigantesco, esse admirável esforço de rejuvenescimento e ao mesmo tempo de reorganização que, em cerca de trinta anos, deu à Igreja um rosto novo"..."Se, cronologicamente, a Reforma católica não é uma "contrarreforma", também não é no processo do seu desenvolvimento."
G. Battelli no Dizionario di Storiografia online, afirma que a maioria dos historiógrafos católicos e protestantes, hoje distinguem claramente a "Reforma católica" da "Contrarreforma", o primeiro deles, no final do século XIX, foi o protestante Maurenbrecher.
O Contexto da Reforma
Em decorrência da Reforma protestante, o mundo cristianizado ocidental, até então hegemonicamente católico, viu-se dividido entre cristãos católicos e cristãos não mais alinhados com as diretrizes de Roma[7]. O catolicismo havia perdido terreno, deixando de ser a religião oficial de muitos estados da Europa e, consequentemente, o mesmo ameçava se repetir nas novas colônias do Novo Mundo. Nesse contexto, surgiu a necessidade de reformas na igreja católica, a fim de e reestruturá-la e barrar o avanço protestante[3].
De acordo com Burns a Renascença foi acompanhada de um outro movimento - a Reforma. "Este movimento compreendeu duas fases principais: a Revolução Protestante, que irrompeu em 1517 e levou a maior parte da Europa setentrional a separar-se da igreja romana, e a Reforma Católica, que alcançou o auge em 1560. Embora a última não seja qualificada de revolução, na verdade o foi em quase todos os sentidos do termo, pois pareceu que efetuou uma alteração profunda em alguns dos característicos mais notáveis do catolicismo da Idade Média." Acontecimentos reformistas foram o Quinto Concílio de Latrão, os sermões reformistas de Juan Colet, a publicação do Consilium de Emendanda Ecclesia de Gasparo Contarini e a fundação do Oratório do Amor Divino. Em 1517 o papa Leão X decretou a venda de indulgências, que assegurarariam o perdão dos pecados de uma pessoa em troca de uma quantia em dinheiro. O dinheiro seria usado no término da construção da basílica de São Pedro, em Roma.
Na Saxônia (região na atual Alemanha), o monge Martinho Lutero revoltou-se com o escândalo das indulgências. Como resposta, ele pregou na porta da basílica de Wittenberg um documento com 95 (noventa e cinco) pontos contrários aos ensinamentos e as práticas da Igreja Católica, que recebeu o nome de "As 95 Teses".